15|10|2024

Drex, a moeda digital do Brasil, avança para nova fase

Banco Central abre inscrições para nova etapa de testes, focada em contratos inteligentes

O Banco Central deu início à segunda fase de testes do Drex, a versão digital do real, a partir desta segunda-feira (14). Empresas interessadas em participar do projeto-piloto poderão enviar suas propostas até 29 de novembro. O foco desta etapa é o desenvolvimento de negócios ligados aos smart contracts, ou contratos inteligentes, uma inovação que promete revolucionar diversas operações financeiras e comerciais no país.

Participação e requisitos para os testes

De acordo com o Banco Central, instituições financeiras que desejam participar devem demonstrar capacidade de testar o modelo proposto, o que inclui simular emissões, resgates, transferências de ativos e fluxos financeiros decorrentes de negociações. “Essas instituições precisam ter condições técnicas para realizar transações envolvendo contratos inteligentes, além de garantir a execução dos fluxos financeiros simulados, quando aplicável”, informou o BC em nota oficial.

Os contratos inteligentes, baseados em tecnologia blockchain, automatizam a execução de termos e condições de um contrato. Isso elimina a necessidade de intermediários e etapas burocráticas, como registros em cartórios, resultando em operações mais rápidas e com menos custos. Entre os principais casos de uso estão compra e venda de imóveis, veículos e ativos agrícolas.

Por exemplo, em uma negociação de um veículo, o smart contract pode automatizar todo o processo de pagamento e transferência de documentos, sem a necessidade de intermediários ou burocracia adicional, agilizando a transação.

Como enviar propostas e diretrizes

As propostas para a segunda fase do Drex devem ser enviadas para o e-mail piloto.drex@bcb.gov.br e ter no máximo cinco páginas. O Banco Central exigirá que os modelos de negócios incluam detalhes sobre os impactos esperados, a necessidade de soluções de privacidade e a metodologia de testes. Não há um limite para o número de propostas selecionadas, mas a escolha final dependerá da capacidade técnica e operacional do BC para monitorar os testes.

Histórico e avanços tecnológicos

Os testes do Drex começaram em março de 2023, utilizando a plataforma Hyperledger Besu, compatível com a tecnologia Ethereum. Esta escolha foi feita por ser um software de código aberto, o que reduz custos com licenciamento. A plataforma permite que testes sejam realizados em ambientes controlados, garantindo a privacidade das transações. Empresas participantes podem, assim, desenvolver aplicações descentralizadas, como sistemas de pagamento fora dos aplicativos bancários.

Em junho de 2023, o BC selecionou 16 consórcios para a primeira fase do projeto, que integraram seus sistemas ao Hyperledger Besu e desenvolveram produtos financeiros com base na nova moeda digital. Em agosto, o Banco Central oficializou o nome Drex para o real digital.

Os testes da primeira fase começaram em setembro de 2023, com operações simuladas que avaliaram aspectos de segurança, privacidade e eficiência do Drex. Entre os itens testados, estavam depósitos de contas de reservas bancárias, contas de liquidação e operações com títulos do Tesouro Nacional.

Atraso e cronograma atualizado

Inicialmente, a expectativa era que o Drex entrasse em circulação entre o final de 2024 e o início de 2025. No entanto, o cronograma foi adiado devido a paralisações dos servidores do Banco Central no primeiro semestre deste ano e a problemas detectados durante os primeiros testes, principalmente relacionados à privacidade dos usuários.

A segunda fase de testes, que começou em julho de 2023, conta com os 16 consórcios participantes da primeira etapa e agora será ampliada para novos players. A conclusão dos testes com contratos inteligentes está prevista para o final do primeiro semestre de 2025.


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