13|11|2024

Saída de capital estrangeiro do Brasil: entenda os impactos

Desde o início de 2024, a debandada do capital estrangeiro da B3 tem sido em massa. Já foram mais de R$ 30 milhões em retiradas e, considerando que os únicos saldos positivos foram em julho e agosto com R$ 7,34 bilhões e R$ 10,01 bilhões, respectivamente, o Brasil tenta se reerguer depois dos últimos meses.

 

Mas por que isso está acontecendo?

Especialistas da XP apontam que a causa para essa saída de capital estrangeiro é o desempenho do iShares MSCI Brazil (EWZ), o principal fundo de índice (ETF) brasileiro em Nova York, que sofreu uma queda de 18% neste ano. Em contraste, o S&P 500 e o ETF de mercados emergentes (EEM) brilharam, com ganhos de 22% e 13%, respectivamente. Eles também destacam que esse desinteresse dos investidores vem principalmente dos norte-americanos.

Além disso, o cenário de reestruturação nos fundos de ações focados na América Latina se torna cada vez mais claro. Com uma visão mais voltada para o futuro, gestores estão deslocando suas operações para centros financeiros estratégicos como Londres e Ásia, regiões mais próximas dos mercados emergentes dominantes, como China, Índia e Taiwan.

Esse movimento revela um alerta importante para o circuito financeiro: a atratividade das ações brasileiras está diminuindo, e a globalização dos investimentos está redesenhando o mapa financeiro mundial.

Vale lembrar que, nos Estados Unidos, a expectativa era de que o afrouxamento monetário do Federal Reserve começasse já no primeiro trimestre de 2024. No entanto, esse movimento só se concretizou em setembro, devido à inflação ainda elevada e a um mercado de trabalho mais aquecido do que o esperado.

E quanto maior a diferença entre as taxas de juros dos EUA e do Brasil, mais atrativo se torna o investimento no país, oferecendo um prêmio maior para os investidores. Porém, com as previsões desse afrouxamento mais gradual nos EUA, esse fluxo de investimentos tende a desacelerar, reduzindo a atração por ativos brasileiros.

Além disso, depois da confirmação da volta de Donald Trump à Casa Branca em 2025, é esperado juros e taxas ainda mais altas devido ao protecionismo que deve ser adotado pelo candidato republicano.

Outro ponto a ser mencionado para esse desinteresse, é o atual contexto fiscal em que o Brasil se apresenta – assunto já tratado por Fernando Haddad, que reforça o comprometimento da equipe econômica em cumprir as metas do arcabouço fiscal e orçamento de 2025.

E quais foram os setores mais impactados pela saída de investidores estrangeiros?

Se por um lado setores como o da indústria e empresas como a Embraer – que possuem forte presença no cenário externo – se beneficiam dessa retirada, por outro, empresas de varejo de vestuário, construtoras de baixa renda e as “pesos pesados” que possuem ações no Ibovespa e Vale são as que mais sofrem com essa drástica mudança.


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