Sou um defensor do Imposto Único.

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Mas sabe como eu me sinto? Como o Sancho Pança!!

Sim, Sancho Pança – o fiel escudeiro de Don Quixote, que nesse caso seria o Professor Marcos Cintra, grande idealizador do Imposto Único.

Faço dezenas de palestras por ano. Em cada uma delas, invariavelmente, dou como sugestão para a caótica situação tributária que convivemos: a adoção do Imposto Único.

Todos adoram. Muitos me esperam na saída para me parabenizar. Fico feliz por um tempo. Mas o que muda? Nada!!

Tenho um sentimento que beira a revolta.

Penso nos milhões de pessoas que foram às ruas, com os rostos pintados como se fossem para uma guerra, a pedido dos mentores desse (des)governo atual, para derrubar o “coitado” do Collor (que hoje deve se sentir um aprendiz de trombadinha comparado ao sofisticado aparato de malversação atualmente implementado).

Penso naqueles que conseguem reunir multidões por seus objetivos, como por exemplo, a Parada Gay ou aquelas religiões que fazem treinamentos e sorteios. Ouvi que estão armando uma passeata pró Zé Dirceu. Não é revoltante?

Por que não conseguimos reunir pessoas físicas e jurídicas que tem 40% dos seus rendimentos confiscados?

Por que não nos rebelamos?

Por que aceitamos uma carga tributaria próxima a 40 %  recebendo em troca serviços medíocres?

Por que aceitamos gastar mais de 3.000 horas por ano, por empresa, apenas para atender as exigências insanas do fisco, que só quer arrecadar?

Veja esse cenário: temos 85 tipos de tributos diferentes. Hoje estima-se (porque é impossível precisar) que existam mais de 1 milhão de regras de negócios para atender esses tributos. Fora isso, existe as obrigações acessórias (gias, declarações, etc.), sendo que a principal é o Sped que cada vez mais necessita de especialistas para seu preenchimento.

Mas que especialistas? Pessoas com curso superior? com pós-graduação? doutorado?

Não! Surgiram “especialistas”, como por exemplo, em preencher a linha 37 da coluna 49 do bloco H do Sped X. Ou aqueles (com total sucesso atualmente) que fazem o Sped “validar”.

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Estão criando um Frankenstein. Ou pior, já criaram. Ou pior ainda, estão armando o Monstro com armadura, bazucas e metralhadoras.

E para que tudo isso?

Basicamente por dois motivos: O primeiro é Arrecadar Mais. O segundo é perpetuar o lema: “Quanto Pior, Melhor”. Nesse caso, quanto mais confuso, mais se autua. Mais se arrecada.

Na semana passada recebemos a estrondosa notícia de que batemos um recorde: em 2012 o Governo Federal arrecadou, pela primeira vez na história desse país, mais de R$ 1 trilhão em impostos.

E como tudo isso poderia ser evitado?

Com a adoção do Imposto Único.

O Imposto Único que não seria único.

Mas isso eu explico em nosso próximo papo.

Por enquanto, só me resta pedir um chá de cidreira, porque passeata pró Zé Dirceu ninguém (descente) aguenta.

Marco Antonio Pinto de Faria

Bacharel em Ciências Contábeis, Administrador de Empresas, Auditor, Presidente e Fundador do Grupo SKILL composto por empresas atuantes no mercado há 40 anos, oferecendo serviços de Consultoria Tributária, Contabilidade e Tecnologia da Informação. Integrante do IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil.


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